quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A fuga(do pensamento).


O corpo. sentia-o cansado mas nada que não conseguisse suportar. tentava esquecê-lo. apostava na cabeça. essa sim o seu bem mais precioso. precisava dela para falar, para ouvir, para ver, mas essencialmente para pensar. que seria de sim sem o seu pensamento. pensava nisso e pensava-se nada. sem se pensar não se pode viver. tinha a certeza disso. para onde ia o pensamento. que caminhos tomava e lhe mostrava. nem sempre os melhores. nem sempre os mais alegres. por vezes disparatados, obcecados. existiam para dar cor à vida que passava. em frente aos olhos. os olhos. tinha-os cansados. tão cansados que as órbitas lhe pareciam enormes. sentia-as grandes e vazias. ocas. se visse mais iria ouvir o eco do espaço das órbitas. o cansaço que lhe mede os dias. os dias que lhe tragam os pensamentos. os pensamentos que lhe dizem o cansaço. o cansaço que lhe pede o descanso e a fuga. a fuga impossível que retorna o pensamento. está a chegar ao limite. deita-se. no chão. fecha os olhos. o eco do pensamento continua a atordoar-lhe o cérebro. esquece. não é ninguém. matou o corpo. apenas o pensamento permanece. solta-o pelo ar. através da pálpebras cerradas vê-o subir. para longe de si. para outro corpo. para outro alguém que possa fazer dele a realidade e não a fuga.

                                                Texto: Vera Lima Vekiki Projects

2 comentários:

  1. :-) Obrigada
    Obrigada, mesmo!!!
    Honra ver-me no teu espaço, quando o contrário é que tem sido sempre verdade...eu a apropriar-me da tua mestria em favor das minhas palavras.
    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. Vera, Sinceramente eu é que agradeço.Pelo entusiasmo, pela força, pela divulgação constante das minhas imagens, sempre acompanhadas de textos tão bonitos.
    Muito Obrigado
    Bjs

    ResponderEliminar