Tem uma figura frágil e um sorriso triste.Fala de uma forma emocionada,serena e impressionante do sofrimento do seu povo,que agora mesmo, neste momento, está a sofrer as maiores atrocidades em Al Ayun, Sahara Ocidental,território ocupado e roubado a um povo por Marrocos.Tão perto daqui. Dezenas de Compatriotas mortos, centenas de feridos e desaparecidos. Fala de bebés e crianças de colo,cujos pais foram presos e os filhos deixados abandonados, para morrerem.Fala de tendas incendiadas, com crianças e idosos dentro.Fala dos seus filhos,em perigo,fala do seu povo,o mais importante de tudo.Fala de um muro,de 2700Km de comprimento, que separa o seu povo, condenando parte dele ao deserto e outra parte á repressão.Não aconteceu, está acontecer,ontem,hoje,agora.Um massacre contra um acampamento pacifico de protesto com cerca de 25 mil pessoas que apenas querem a sua dignidade e a sua terra de volta.De mulheres,homens,crianças e idosos que se recusam a ser escravos no seu próprio País.Que estão fartos de esperar, pacificamente, por decisões da ONU nunca cumpridas.Que estão fartos de ser injustiçados,humilhados, torturados,reprimidos e roubados.De ser enganados.Fala da Prisão negra, medonha, onde esteve encarcerada durante anos.Fala da indiferença da União Europeia,que protege e assina acordos com Marrocos e a quem apenas interessam os direitos humanos se não houverem interesses económicos em jogo.Uma UE que compra coisas roubadas a outros sabendo perfeitamente o que está a fazer.Fala da hipocrisia de politicos e de politicas.Fala de Portugal, de como se ergueu por Timor, problema em tudo idêntico a este. Mas o que mais impressiona é que fala sem rancor,sem ódio por quem tanto os oprime,tanto os despreza.Fala com esperança ,apesar de sentirmos que perdeu tanto,sobretudo que o seu povo perdeu tanto.Por trás da sua aparência frágil e do seu sorriso triste esta mulher tem uma força e uma coragem gigantesca. Faz lembrar Gandhi, já o li tantas vezes.Hoje percebi porquê.
(El Ayun está vedada por completo a Jornalistas de todo o mundo. Nenhum jornalista pode entrar na cidade, não há imagens que não sejam as que algumas pessoas conseguem enviar. A união Europeia pactua com isto e nem sequer defende os seus jornalistas e os seus cidadãos. Ninguém sabe a verdadeira dimensão da tragédia.E ao que parece ninguém quer saber.)
Testemunho impressionante.
ResponderEliminaronde a conheceu?
ResponderEliminarAH esteve 2 dias em Portugal para receber uma distinção na universidade Coimbra e assisti a uma palestra na reitoria da Universidade de Lisboa. A sua historia é impressionante e a sua visita coincidiu com um grande massacre que está a acontecer neste momento no seu País,absolutamente ignorado pela comunidade internacional e com a proibição de entrada de jornalistas. Pediu que a divulgação do que se está a passar e não consegui ficar indiferente.Fiquei extremamente impressionado com ela e com a sua maneira de ser . Os relatos que fez do que se está a passar foram comoventes e impressionantes.É daquelas pessoas raras.
ResponderEliminarObrigado