quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O Tejo é mais belo.


O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios 
E navega nele ainda, 
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha 
E o Tejo entra no mar em Portugal.   
Toda a gente sabe isso. 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso porque pertence a menos gente,  
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.  

Pelo Tejo vai-se para o Mundo. 
Para além do Tejo há a América 
E a fortuna daqueles que a encontram.   
Ninguém nunca pensou no que há para além 
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.   
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Alberto Caeiro

2 comentários:

  1. Foto e poema com um denominador comun: lindíssimos! Também tenho a sorte de do Tejo ser o Rio da minha aldeia. Tenho como pano de fundo das minhas janelas o rio Tejo. É maravilhoso. Não há nada como chegar a casa, debruçar-me sobre a janela e contemplar. É então que me sinto como no poema:"(...)O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
    Quem está ao pé dele está só ao pé dele."
    Resolvi fazer um intervalo nos meus trabalhos e descontrair pelos "Diários de Lisbos". Fico com pena de ter estado algum tempo sem passear por aqui. Belas fotos, bonitos textos, com boas bandas sonoras. Como consegue encontrar sempre pessoas tão giras? e os sitios, os pormenores. Por isso é que eu acho que para ser um bom fotografo não basta ter uma excelente máquina. Tem de haver mais. E nestes diários há esses "mais".
    Carla

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  2. Carla,
    ter o rio como vista da nossa janela deve ser um privilegio incrivel.Eu tenho as árvores de Monsanto mas confesso que também adorava ter o Tejo.
    Hoje passeei ao longo do rio , de manhã,estava absolutamente fabuloso com o sol a bater e uma calma de sentar e ficar a admirar.
    Eu também gosto muito deste poema e confesso que desta fotografia.
    Este comentário é uma vez mais de um estimulo enorme e não sei como agradecer.Apenas digo muito obrigado por tanta gentileza.
    Quanto às pessoas giras vou-as encontrando por Lisboa e tento ganhar coragem para lhes ir pedindo para as fotografar o que me parece cada vez mais difícil.Mas são giras e interessantes mesmo não são? Eu também acho e acho que dão um colorido e muita modernidade à cidade e fico sempre surpreendido pela amabilidade com que aceitam ser fotografadas.Quanto aos pormenores uns passam-me ao lado mas outros ainda os vou descobrindo.
    Espero que continue a fazer aqui umas visitas e que continue a gostar.
    Uma vez mais muito obrigado.

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