segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Namorados de Lisboa


Namorados de Lisboa,
à beira Tejo assentados,
a dormir na Madragoa,
Namorados de Lisboa,
num mirante deslumbrados,
à beira verde acordados.

Namorados de Lisboa,
ao Domingo uma cerveja,
uma pevide salgada,
uma boca que se beija
e que nos sabe a cereja,
a miséria adocicada,
à beira parque plantada.

Namorados de Lisboa,
sempre, sempre apaixonados,
mesmo que a tristeza doa,
namorados de Lisboa.

Namorados de Lisboa,
na cadeira dum cinema,
onde as mãos andam à toa,
à procura de um poema,
namorados de Lisboa,
que o mistério não desvenda
até que o escuro se acenda.

Namorados de Lisboa,
a apretar num vão de escada
o prazer que nos magoa
e depois não sabe a nada.

Namorados de Lisboa,
a morar num vão de escada.

Namorados de Lisboa,
sempre, sempre apaixonados,
mesmo que a tristeza doa,
namorados de Lisboa.

José Carlos Ary dos Santos

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