sexta-feira, 24 de setembro de 2010

No Jardim Botânico.

Ladra alternativa.

Outono II.




Outono



Uma lâmina de ar
Atravessando as portas. Um arco,
Uma flecha cravada no outono. E a canção
Que fala das pessoas. Do rosto e dos lábios das pessoas.
E um velho marinheiro, grave, rangendo o cachimbo como
Uma amarra. À espera do mar. Esperando o silêncio.
É outono. Uma mulher de botas atravessa-me a tristeza
Quando saio para a rua, molhado, como um pássaro.
Vêm de muito longe as minhas palavras, quem sabe se
Da minha revolta última. Ou do teu nome que repito.
Hoje há soldados, eléctricos. Uma parede
Cumprimenta o sol. Procura-se viver.
Vive-se, de resto, em todas as ruas, nos bares e nos cinemas.
Há homens e mulheres que compram o jornal e amam-se
Como se, de repente, não houvesse mais nada senão
A imperiosa ordem de (se) amarem.
Há em mim uma ternura desmedida pelas palavras.
Não há palavras que descrevam a loucura, o medo, os sentidos.
Não há um nome para a tua ausência. Há um muro
Que os meus olhos derrubam. Um estranho vinho
Que a minha boca recusa. È outono.
A pouco a pouco despem-se as palavras.



Poema: Joaquim Pessoa.
Fotografia: Diário de Lisboa. 

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Outono!





SONATA DE OUTONO

Inverno não é 'inda mas Outono
Na sonata que bate no meu peito
Poeta distraído, cão sem dono
Até na própria cama em que me deito
Inverno não é 'inda mas Outono
Na sonata que bate no meu peito
Acordar é a forma de ter sono
No presente e no pretérito imperfeito
Mesmo eu de mim próprio me abandono
Se o rigor que me devo não respeito
Acordar é a forma de ter sono
No presente e no pretérito imperfeito
Morro de pé
Mas morro devagar
A vida é afinal o meu lugar
E só acaba quando eu quiser
Não me deixo ficar
Não pode ser
Peço meças ao Sol, ao céu, ao mar
Pois viver é também acontecer
A vida é afinal o meu lugar
E só acaba quando eu quiser

José Carlos Ary Dos Santos
Fotografia:Diário de Lisboa

Fado, Carlos do Carmo- Sonata de Outono

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Lisboa perto e longe


Lisboa chora dentro de Lisboa
Lisboa tem palácios sentinelas.
E fecham-se janelas quando voa
nas praças de Lisboa -- branca e rota
a blusa de seu povo -- essa gaivota.

Lisboa tem casernas catedrais
museus cadeias donos muito velhos
palavras de joelhos tribunais.
Parada sobre o cais olhando as águas
Lisboa é triste assim cheia de mágoas.

Lisboa tem o sol crucificado
nas armas que em Lisboa estão voltadas
contra as mãos desarmadas -- povo armado
de vento revoltado violas astros
-- meu povo que ninguém verá de rastos.

Lisboa tem o Tejo tem veleiros
e dentro das prisões tem velas rios
dentro das mãos navios prisioneiros
ai olhos marinheiros -- mar aberto
-- com Lisboa tão longe em Lisboa tão perto.

Lisba é uma palavra dolorosa
Lisboa são seis letras proibidas
seis gaivotas feridas rosa a rosa
Lisboa a desditosa desfolhada
palavra por palavra espada a espada.

Lisboa tem um cravo em cada mão
tem camisas que abril desabotoa
mas em maio Lisboa é uma canção
onde há versos que são cravos vermelhos
Lisboa que ninguem verá de joelhos.

Lisboa a desditosa a violada
a exilada dentro de Lisboa.
E há um braço que voa há uma espada.
E há uma madrugada azul e triste
Lisboa que não morre e que resiste.


Poema:Manuel Alegre
Fotografia:Diário de Lisboa

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Chove!

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.


Poema:José Gomes Ferreira.
Fotografia:Diário de Lisboa

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Lisbon Revisited (1923) (Lisboa Revisitada) (Poema), de Álvaro de Campos (Heterônimo de Fernando Pessoa)


Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafisica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!)
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!

Ó céu azul o mesmo da minha infância ,
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!


Álvaro de Campos ( Fernando Pessoa)
Fotografia: Diário de Lisboa (algures na Av. da Liberdade)

VIRGEM SUTA | Tomo Conta Desta Tua Casa

sábado, 11 de setembro de 2010

O Jardim Como Espelho- Goethe Institut Lissabon


15 a 17 Set: 22h
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Exibição de 10 vídeos de artistas portugueses e alemães relacionados com jardins, parques e espaços verdes.
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Informações Úteis: Jardim


#Endereço: Campo dos Mártires da Pátria, 37
1169-016 Lisboa

Horários: Seg a Sex: 9h-21h
Telefone: 218 824 530
Fax: 218 850 003
Internet: www.goethe.lissabon.org
E-Mail: inf@lissabon.goethe.org
Acessos: Carris: 30, 723, 767, 790
Metro: Intendente e Avenida

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Fonte : Agenda Cultural_CML

Out Jazz 2010


O Out Jazz chega à sua quarta edição mostrando que veio para ficar. Durante cinco meses o jazz vai ocupar cinco jardins de Lisboa, num ambiente de plena harmonia entre a natureza e as notas musicais. Todos os domingos, de Maio a Setembro, das 17h ao anoitecer, grupos de jazz e um dj vão animar os transeuntes.

TAPADA DAS NECESSIDADES
André Carvalho Quinteto
12 Set
Super Trouper
19 Set
Tiago Bettencourt e os Mantha
26 Set

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Internet: www.ncs.pt/outjazz.php
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Informações Úteis: Entrada livre
Fonte: Agenda cultural-CML
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Deolinda "Um Contra O Outro"

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Vogue...


Por uma noite, Lisboa, parecia uma cidade com vida. A baixa de lisboa, quase sempre deserta de noite, ganhou vida...

Fotografia: Diário de Lisboa

Imperdivel:Carta de Lisboa-A letter from Lisbon.








Lisboa,..

Acreditar que tudo tem inicio aqui é,em si, uma ilusão.

O mar fica já ali, naquele varandim,logo acima da colina...


Lisbon,...

to believe that eveything begins here is itself an ilusion.

The sea is just there, beyond that balcony,over the hill...


in carta de Lisboa


Eric sarner e Miguelanxo Prado.






quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Melech Mechaya - Dança Do Desprazer

TODOS-Caminhada de Culturas.


FOTOGRAFIA : CARLOS MORGANHO.
TODOS-Caminhada de culturas.
...Entre os dias 16 e 19, a Mouraria bairrista abre portas ao fado, ao Oriente, à África e à América Latina com o objectivo de aproximar tradições, culturas e povos. Músicas e concertos, religiões, gastronomia, comércio, passeios a pé, circo, teatro, dança, livros escritos por moradores e fotografias do bairro estarão disponíveis para os moradores, e não só...
texto Davide Pinheiro-DN

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

LISBON STORY - HQ Trailer ( 1994 )

Um Homem na Cidade.



"Um Homem na Cidade "é um dos melhores álbuns da musica popular Portuguesa de sempre.Com poemas soberbos de José Carlos Ary dos Santos e interpretado magistralmente por Carlos do Carmo é talvez a mais bonita declaração de amor a Lisboa alguma vez feita. Devia ser considerado património da cidade de Lisboa.

Carlos do Carmo, Um Homem na Cidade.